Das belezas e desafios do aprender e do crescer
Meados de março de 2020, início do isolamento social por conta do coronavírus. A escola dos meus filhos, atendendo diretrizes do governo do Estado, recomendou que as crianças ficassem em casa. Meu marido e eu começamos o teletrabalho. A rotina virou de cabeça para baixo. Nos organizamos na divisão do espaço de nosso escritório doméstico. As tarefas escolares começaram a chegar remotamente e em grande volume. As queixas logo apareceram, tão volumosas quanto as lições: - Ah, mãe, por que tenho de fazer essas lições? Estamos em casa e não iremos ao colégio amanhã, relaxa!
Respirei fundo e reconheci o discurso do adolescente contestador, meio desencantado com a escola e interessado na oportunidade de passar o dia jogando seu game favorito na internet.
No grupo de pais do WhatsApp, além do coronavírus, havia muitas mensagens sobre as atividades online enviadas pela escola. Entre dúvidas e reclamações, discutia-se a quantidade de lições, a dificuldade para acessar a plataforma disponibilizada, e quão tensa estava a organização da rotina de estudos em casa, com a filharada toda meio entediada com a situação.
A verdade é que a situação não é fácil para ninguém. De um lado há pais inseguros e indagando se a relação da escola com os estudantes nessa onda forçada de educação não presencial está sendo proveitosa. De outro, as escolas e seus professores dão jeito para transformar uma aula programada para ocorrer presencialmente em uma aula online. O problema é que os professores testam enquanto fazem, pois não dominam as ferramentas e não foram formados para este tipo de trabalho. Fazem o melhor que podem entre erros e acertos. É tudo muito novo para todos!
Entre repetidas falas de “não tem nada pra fazer!”, “por que não posso sair para ver meus amigos?” e “que história é essa de pandemia?” meu marido resolveu pedir ao nosso filho Lucca que registrasse suas perguntas na forma de uma lista e foi daí que surgiu a ideia desse livro. Lucca e Lauri transformaram as tantas perguntas, inquietações e o tédio que elas estavam gerando num jeito de estarem juntos na quarentena. E mais do que isso, o resultado foi uma forma de ajudar o Lucca a compreender que podemos estudar de muitas e interessantes maneiras.
Esperto como ele só, Lucca logo percebeu que suas dúvidas poderiam ser semelhantes àquelas de outras crianças, adolescentes ou pais e por isso resolveu que o livro deveria ser socializado com outras pessoas. Como? - perguntei. A resposta veio certeira: – Na internet, mãe!
Assim, o material que está diante de você não é um livro profissional, mas é a contribuição de um menino de 12 anos que aprendeu a pesquisar para compreender um fato do seu cotidiano dando com isso sentido e significado para o aprendido. Além do mais criou um jeito prazeroso de compartilhar suas descobertas para ajudar outras pessoas a também compreenderem porque a rotina mudou tanto nesses últimos dias.
Das belezas e desafios do aprender e do crescer.
Boa leitura e compartilhe por aí.
Itale Cericato
Mãe do Lucca e do Enzo, esposa do Lauri, psicóloga, doutora em psicologia da educação.
Lucca Cericato e Lauri Cericato